Ela quer desesperadamente fazer sentido. Ela quer crer nela mesma quando lhe diz que o ama, porque só pode acreditar nele dessa forma. Ela pensa que se agarrar com força tudo aquilo que não suportaria perder há-de suscitar compaixão numa qualquer entidade superior, cair na Sua graça, e não perder tudo como toda a gente. Ela não se dá ao trabalho de pensar na Humanidade, porque os outros são os outros e cada um habita a sua esfera. Ela ainda não sabe que a esfera é só uma. Ela suplica-me que lhe conte. Ela acha que eu sei alguma coisa que ela ainda não descobriu. Ela ainda não sabe que eu sou uma óptima mentirosa. Ela pergunta-me o que eu sei da vida, do amor, da alegria. Eu disse-lhe que o sexo é que fez nascer a poesia. Ela silencia-se. Ela diz então que os meus olhos são sábios mas vazios - e poderiam estar cheios de quê? Toda eu sou cheia de nada. Ela sim, é cheia de tudo, de perguntas que querem respostas, de ímpetos, de instintos, de pequenas evoluções que lhe passam despercebidas mas que me ofuscam os olhos. Ela não sabe que eu sei, mas eu sei, que ela há-de acabar a viver na sombra, apagada e triste, presa na corrente em que se deixou afogar. Mas antes disso há-de viver o esplendor da juventude. Antes disso, ela há-de viver verdadeiramente. Mas ela ainda não sabe que eu sei. E ela quer que eu lho diga o que não sei.
sábado, 21 de fevereiro de 2009
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