quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Quando nos puxam o tapete e nos fazem escorregar. Quando o relógio bate as horas erradas. Quando confiamos que os outros procuram o melhor para si próprios, e confiamos, confiamos, e afinal não o fazem. Quando nunca o fizeram. Quando nos deixamos levar. Quando fincamos pé. Quando nos descobrimos onde nunca nos tínhamos visto antes. Quando não nos reconhecemos no espelho. Quando dói, dói, dói, e mesmo assim vale a pena. Até ao fim. E afinal, o que é gostar? Quando dormimos em camas que não são as nossas. Quando vestimos peles que não são as nossas. Por amor. E afinal, o que é gostar? Quando pensamos que não há volta a dar, e todas as voltas se dão sozinhas. Quando choramos ao telefone. Quando sorrimos. Quando queremos. Quando deixamos. Quando gostamos. E o que é isso, afinal? Quando ficamos 3h ao telefone a razão de coisa nenhuma. Quando há uma razão. Quando há todas as razões do mundo. Quando a conversa é a última, o beijo é o último. Quando saltamos para a frente. Quando paramos para pensar, MAS QUE MERDA É ESTA, COMO É QUE VIM PARA AQUI? Quando nos ensinam. Quando nos abrimos. Quando não havia outro caminho. Quando havia todos os caminhos do mundo, todos, todos, e escolhemos o nosso, e é o mais belo de todos. Quando fazemos a cama em que nos deitamos. Quando fazemos a cama onde os outros se deitam. Porque gostamos. E o que é gostar, afinal? Quando queremos ouvir, e não ouvimos. Quando queremos falar, e engolimos. Quando perguntamos, e nos arrependemos. Quando queremos. Quando queremos. Quando queremos. Quando queremos.
Quando gostamos. E o que é gostar, afinal?

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