Sei agora o que é estar do outro lado. Sei agora o quanto pode aconchegar uma mentira. E sei quando vou cair. Antecipo o desmaio quando vejo tudo negro. E já deixei de ver.
Protejo-me, enrolo-me em explicações metafísicas para a minha falta de carácter, como tu lhe chamas, mas aos meus olhos é só falta de vontade. Tudo em mim é crucial. Tudo em mim é uma viagem sem retorno. As promessas de amor soltam-me cá dentro um escárnio sorridente, a eternidade uma mentira, e só os beijos me adormecem os fantasmas.
Sim, menti, mas a culpa foi tua se alguma vez viste a verdade na minha mão. Nunca a vi na tua e assim não me desiludo. Por isso, nunca hei-de ser um reflexo da tua falsa certeza. Pensei que soubesses que pessoas como nós não podem contar com ninguém. Nem com nós mesmos. Mas talvez nao existam "pessoas como nós".
Não tenciono voltar a ver-te. Procuro subtraír de mim a tua presença, e espero que faças o mesmo. Espero que me adormeças.
Sei quando vou cair.
E é
neste
exacto
momento.
1 comentário:
E adormecem, os fantasmas...?
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