Vá, força! Diz que a culpa é minha, como se eu não o soubesse nem me orgulhasse disso. Grita. Zanga-te. Despreza-me. Por favor. Bate-me como se não soubesses. Como se não acreditasses. Como se nunca tivesses visto a rebeldia nos meus olhos. Sou culpada, sim, e com orgulho. Porque enquanto tu choras, e te prendes, e te dói pensar que sabes o que é amar, eu estrago tudo, sim, mas vivo verdadeiramente. Porque enquanto tu temes, eu aceito que o fim é inevitável, e por isso sou livre. Porque enquanto tu choras, eu amo as tuas lágrimas como sendo uma prova de que finalmente pudeste ver, ainda que de forma turva, que não te pertenço, nem tu a mim. Porque enquanto tu rezas para que te aceitem como és, eu amo o mundo inteiro e sinto-me maior a cada dia. Porque enquanto tu fechas os olhos, eu abro-os contra a luz, e, ainda que ofuscada, vislumbro coisas que não podes imaginar. E é aí que somos diferentes - eu sou culpada, cega, egoísta. Tu não pisas o risco, mas no fundo sabes que o lamentas.
Sou culpada, sim, mas tu é que não sabes o que andas a perder. E a mim, a vida não me há-de passar ao lado.
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