quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Hoje refiz os nossos passos para te sentir mais perto, para poder tocar a tua presença invisível. Andei pelos caminhos que fizemos juntos. Sozinha.

Hoje provei o meu próprio veneno - a amargura da tua distância. Tem um sabor agridoce e estou a aprendê-lo. Estou a gostar dele, para depois o odiar para sempre. Para nunca mais me envenenar.

Hoje falei sozinha, andei sozinha, ri-me sozinha. Mas fui eu contigo e em ti.

Hoje dormi num lado só da cama, para tu teres espaço quando voltasses. Adormeci no teu peito e acordei só. Mas feliz.

Hoje não te vi, e, no entanto, estive contigo em todo o lado. Não te vi, mas senti-te no vento que passava com força e na chuva que não quis cair.

Ontem perguntaste-me se escrevo sobre nós.

E sim, eu escrevo sobre nós. Escrevo sobre nós quando ando na rua, quando te afasto e me arrependo, quando durmo seja em que lado da cama for. Escrevo sobre nós quando não escrevo. Escrevo sobre nós quando aceito viver mais um dia, porque sei que esse dia é escrito para nós. Escrevo sobre nós quando não nos merecemos. Escrevo sobre nós quando tudo faz sentido e quando tudo no meu mundo grita por nós os dois. Escrevo sobre nós quando fujo, quando acho que me perdi. Escrevo sobre nós quando me procuras e me trazes ao meu lugar, esse lugar que só tu ainda reconheces. Escrevo sobre nós, porque não poderia escrever sobre mais nada.

Escrevo sobre nós quando não escrevo. Escrevo sobre nós a cada pestanejar, a cada batida do coração, a cada passo que dou. Escrevo sobre nós em cada uma das letras que escrevo.





26.02.2007 - ja foi ha algum tempo, realmente...